Eu sou professor de confeitaria e chocolataria, Cordon Noir Granchef e vencedor do programa “Que Seja Doce”, do GNT. Sempre amei cozinhar e assistir ao programa da Palmirinha na TV, todos os dias, anotando receitas em um caderninho. Não tinha nem tamanho para alcançar o fogão e já subia em uma cadeira para mexer as panelas com a minha tia Vera.
Comecei a trabalhar com bombons e bolos aos 13 anos de idade, conciliando com os estudos. Era, também, aprendiz em uma empresa têxtil, atuando na área administrativa. Na época, vendia meus doces para salões de cabeleireiro e na escola, visando ganhar uma renda extra, pois precisava ajudar nas contas de casa.
Aos 18 anos, estava tudo certo para eu entrar em uma faculdade de programação de sistemas, pois tinha acabado o técnico de processamento de dados (profissões que me ajudam muito nos dias de hoje). Mas, na última hora, senti um aperto no coração e decidi ir atrás do meu sonho. Quando entrei para a faculdade de gastronomia, descobri sobre o programa "Que Seja Doce". Com a experiência apenas da cozinha da minha casa, ganhei – entre muitas reviravoltas – minha primeira competição, graças às combinações de sabores especiais que criei.
Quando decidi sair do emprego "comum" para viver da minha paixão, já tinha estabilidade financeira e um cargo de assistente administrativo, mas morria de medo de largar um trabalho fixo por algo incerto. Ainda assim, tomei a decisão de pedir demissão e mergulhei de cabeça na profissão de confeiteiro. Foi quando entrei no primeiro restaurante e fui conhecendo, na prática, como funcionava aquele mundo dos sonhos. Sempre que apareciam trabalhos de freelancer nos dias de folga, eu aceitava, para obter mais conhecimento. Também participei de feiras gastronômicas, vendendo doces, e passei por mais de 15 estabelecimentos, coletando experiência.
Depois de crescer profissionalmente, recebi um convite para trabalhar de confeiteiro no Rio de Janeiro, aí me mudei de São Paulo e fiquei 6 meses por lá. O sonho virou um pesadelo! Eram jornadas de domingo a domingo, com 16 horas em pé, e trabalhando muito. Diversas vezes, dormia no chão do restaurante e virava a madrugada produzindo. Aconteceram muitas coisas ruins, mas foi um enorme aprendizado.
Amadureci como pessoa e profissional, aprendi a lidar com o público e com os processos da área. Foi algo que me transformou, porém foi me adoecendo. Sempre pensava em como era quando eu estava em SP: fazendo minhas encomendas “simples”, eu lucrava muito mais do que trabalhando no restaurante. Sem contar a saudade de casa, da família, dos amigos e do Tiago, meu marido (que era namorado na época).
Decidi voltar a São Paulo e recomeçar meu negócio – que pausei para me dedicar ao aprendizado. Depois de toda a experiência adquirida, eu já dominava os processos e conseguia oferecer muito mais aos meus clientes, vendendo bolos festivos, doces finos e de vitrine, panetones, macarons e chocolates artísticos. Fazia casamentos, aniversários e todos os tipos de evento do zero.
Finalmente estava feliz, confortável e saudável com meus trabalhos! Nesse período, participei de mais algumas competições como a “Rio Cake” e a “Padaria 2000” e ganhei alguns troféus. Sou GranChef Cordon Noir, um prêmio de algumas vitórias consecutivas (somente 4 pessoas no Brasil o possuem). Nunca deixei de estudar, sempre fiz muitos cursos, buscando inovação, lendo muito sobre a química dos ingredientes e arte para trazer beleza aos produtos. Fui capa de revista 3 vezes pela “Padaria 2000”, fiz muitas participações na TV Gazeta, onde cresci vendo a Palmirinha, e tenho participação em livros e cursos de grandes profissionais.
Certo dia, durante um curso, uma colega de classe me pediu para dar uma aula, e comecei na casa dela. Isso foi crescendo e, quando percebi, já estava viajando pelo Brasil: consegui dar aulas em lojas onde sempre fui aluno; consegui patrocínios de marcas e insumos, iniciando o trabalho com marketing de influência; dei aula em muitos lugares pelo Brasil (com ênfase no “Atelier Doce Arte de Fazer” e na “Escola Brûlée”); palestras no SENAC; treinamento em confeitarias; consultoria em lojas; formulação de cardápios; e desenvolvimento de receitas.
Quando abri meu próprio espaço para dar cursos, lecionei 5 turmas e iniciou a pandemia. Foi um choque! Fiquei 2 semanas parado, descansando, e decidi começar a ensinar online. Iniciou de forma bem pequena, mas eu ajudava as pessoas a ganhar dinheiro nessa época tão difícil.
Todo mês eu fazia uma turma nova e comecei a profissionalizar o negócio. Muitas pessoas se descobriram na confeitaria/chocolataria, o que tornou meu trabalho muito gratificante. Já transformamos mais de 4.000 alunas pelo Brasil e em mais de 10 países também. É um sonho que se tornou realidade! Eu e minha equipe temos muitos planos para alcançar mais pessoas ainda. Estamos apenas começando!